Décimo município criado na Capitania de Minas Gerais, Itapecerica é considerada um berço cultural do Centro-Oeste do estado. Importante na época do Ciclo do Ouro, a cidade guarda, entre a natureza do Vale do Itapecerica, muita tradição. Ali, a riqueza cultural é facilmente encontrada pelas ruas. Não apenas nas construções históricas, em Igrejas como a Matriz de São Bento, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a de São Francisco, mas também no seu povo.

O luthier autodidata Juca Tita, de 101 anos, é exemplo dessa sabedoria e vivência cultural. Em conversa com o Minas da gente, ele contou que aprendeu o ofício sozinho, a partir dos conhecimentos como marceneiro. Chegou a fazer cerca de 50 violinos, além de violoncelos e violões.

Itapecerica - Cemitério dos Bexiguentos
Cemitério dos Bexiguentos

Já a Dona Preta, como é conhecida na região, apresentou o Cemitério dos Bexiguentos, criado pelo seu avô em 1925. Raizeiro, ele cuidou de pacientes com varíola (também chamada de “bexiga”) e doou o terreno para que as vítimas pudessem ser enterradas, já que não podiam ir para o cemitério da cidade, por risco de contaminação. Dona Preta lembrou ainda dos tempos que o trem passava ali por perto.

No Arquivo Público, a historiadora Erivelta compartilhou as tradições de Itapecerica. Já a Silvana, que nasceu nos arredores da cidade e é de família tradicional da região, relembrou sua infância ali. Entre as memórias, a presença do teatro e do cinema, que hoje não existe mais.

A presença indígena em Itapecerica não está apenas no nome, que significa pedra lisa em Tupi. A aldeia Muã Mimatxi, da etnia Pataxós, fica na região. Há 16 anos eles escolheram morar no local, que acreditam ser sagrado e já foi habitado por seus antepassados. Liça, mulher indígena e professora, é também ilustradora. Seus desenhos-narrativa, chamados “tehêy“, já viraram um livro, no qual é possível ouvir histórias a partir de QRcodes.

Entre o passado e o presente, a viagem segue… A próxima parada é Carmo da Mata.