Em Monte Azul, chega ao fim o Trem do Sertão e a viagem do Estações. Mas antes, duas paradas.

Em 1947, a ferrovia chegou e mudou Pai Pedro. Muitos trabalhavam nela e outros vendiam seus produtos, como o algodão, animais e biscoitos (muitas vezes arremessados pra dentro do trem). Lá, uma conversa com a Ednalva, responsável pela Casa da Memória na estação, ainda preservada, e com o Seu Constantino, que trabalhou na manutenção da ferrovia.

Catuti tem seu nome e existência ligados ao trem. Os ingleses que construíam a ferrovia identificavam o local como a estação dos caititus, devido aos porcos do mato por lá. Mas, sem conseguir pronunciar caititu, o que saía era “catuti”. O nome pegou e a cidade foi construída a partir da estação, até hoje preservada. Lá, teve um papo com o Seu Alcir, último chefe da estação, e com o Alberto, fundador da ONG Amigos do Trem Baiano, incentivador da preservação do patrimônio ferroviário na região. Baiano? Mas e o Trem do Sertão? É o mesmo trem e trajeto, mas com sentidos opostos. Quem saía de BH conhecia como Trem do Sertão, e quem vinha da Bahia falava Trem Baiano. O Alberto, que é de BH, morou em Montes Claros e escolheu viver em Catuti.

Aliás, parece que muitos se encontram ali na região. Monte Azul foi a última parada não apenas do Trem do Sertão, mas de muitos que ali fixaram residência. É o caso do José, que veio de trem do Paraná, em uma viagem de 72 horas. Os ferroviários Juracir e Paulo vieram da Bahia, onde estudaram com Caetano Veloso e Moraes Moreira, respectivamente, em Santo Amaro da Purificação e Caculé. Já a dona Conceição (Fiinha) cresceu lá e viu o trem chegar pela primeira vez à cidade.

Na última semana, foram visitadas 19 estações, seguindo a história do Trem do Sertão. Muitos encontros e desencontros, vidas ligadas ao trem, estações preservadas, abandono… Um rastro poético e nostálgico que vai além dos trilhos. E ao som do Clube da Esquina, com o sol na cabeça, pensamos nas “coisas que ficaram muito tempo por dizer” e voamos pra outra época…